Astronomia, que
etimologicamente significa "
lei das estrelas" com origem
grego: (άστρο + νόμος)povos que acreditavam existir um ensinamento vindo das estrelas, é hoje uma
ciência que se abre num leque de categorias complementares aos interesses da
geografia, da
física, da
matemática e da
biologia. Envolve diversas observações procurando respostas aos fenômenos físicos que ocorrem dentro e fora da
Terra bem como em sua
atmosfera e estuda as origens, evolução e propriedades
físicas e
químicas de todos os objectos que podem ser observados no céu (e estão além da
Terra), bem como todos os processos que os envolvem.
Observações astronômicasnão são relevantes apenas para a astronomia, mas também fornecem informações essenciais para a verificação de teorias fundamentais da
física, tais como a
teoria da relatividade geral.
A origem da astronomia se baseia na antiga ciência, hoje considerada
pseudociênciaastrologia, praticada desde tempos remotos. Todos os povos desenvolveram, ao observar o céu, um ou outro tipo de
calendário, para medir a posição dos astros em função das variações do
clima no decorrer do
ano. A função primordial destes calendários era prever eventos cíclicos dos quais dependia a sobrevivência humana, como a chegada das
chuvas ou do
frio. Esse conhecimento
empírico foi a base de classificações variadas dos
corpos celestes. As primeiras idéias de
constelaçãosurgiram da necessidade de memorizar o cenário de fundo e assim acompanhar o movimento dos planetas atravessarem esse
quadro de referência fixo.
A Astronomia é uma das poucas ciências onde
observadores independentes possuem um papel ativo, especialmente na descoberta e monitoração de
fenômenos temporários. Muito embora seja a sua origem, a astronomia não deve ser confundida com
Astrologia, o segmento de um
estudo teórico que associava os fenômenos celestes com as coisas na terra (
marés) , mas que apresenta falho ao generalizar o comportamento e o destino da humanidade com as estrelas e
planetas. Embora os dois casos compartilhem uma origem comum, seus segmentos hoje são bastante diferentes; a astronomia incorpora o
método científico e associa observações científicas extraterrestres para confirmar algumas teorias terrenas (o
hélio foi descoberto assim), enquanto a única base científica da astrologia foi correlacionar a posição dos principais astros da abóboda celeste (como o
Sol e a
Lua) com alguns fenômenos terrestres, como o movimento das marés, o clima ou a alternância de estações.
Na parte inicial da sua história, a astronomia envolveu somente a observação e a previsão dos movimentos dos objetos no céu que podiam ser vistos a olho nu. O
Rigveda refere-se aos 27
asterismos ou
nakshatras associados aos movimentos do Sol e também às 12 divisões
zodiacais do céu. Os
antigos gregos fizeram importantes contribuições para a astronomia, entre elas a definição de
magnitude aparente. A
Bíblia contém um número de afirmações sobre a posição da
Terra no
universo e sobre a natureza das estrelas e dos planetas, a maioria das quais são poéticas e não devem ser interpretadas literalmente; ver
Cosmologia Bíblica. Nos anos
500,
Aryabhata apresentou um sistema matemático que considerava que a Terra rodava em torno do seu eixo e que os planetas se deslocavam em relação ao
Sol.
Astronomia estelar, evolução estelar: A nebulosa planetária de Formiga. A ejecção de gásda estrela moribunda no centro tem padrões simétricos intrigantes diferentes dos padrões caóticos esperados de uma explosão ordinária. Cientistas usando o Hubble tentam entender como uma estrela esférica pode produzir tais simetrias proeminentes no gás que ejecta. O estudo da astronomia quase parou durante a
Idade Média, à exceção do trabalho dos astrónomos
árabes. No final do
século IX, o astrónomo árabe al-Farghani (Abu'l-Abbas Ahmad ibn Muhammad ibn Kathir al-Farghani) escreveu extensivamente sobre o movimento dos corpos celestes. No
século XII, os seus trabalhos foram traduzidos para o
latim, e diz-se que
Dante aprendeu astronomia pelos livros de al-Farghani.
No final do
Século X, um observatório enorme foi construído perto de
Teerã,
Irã, pelo astrônomo al-Khujandi, que observou uma série de trânsitos meridianos do Sol, que permitiu-lhe calcular a obliquidade da eclíptica, também conhecida como a inclinação do eixo da Terra relativamente ao Sol. Como sabe-se hoje, a inclinação da Terra é de aproximadamente 23°34', e al-Khujandi mediu-a como sendo 23°32'19". Usando esta informação, compilou também uma lista das
latitudes e das
longitudes de cidades principais.
Omar Khayyam (Ghiyath al-Din Abu'l-Fath Umar ibn Ibrahim al-Nisaburi al-Khayyami) foi um grande cientista, filósofo e poeta
persa que viveu de
1048 a
1131. Compilou muitas tabelas astronômicas e executou uma reforma do calendário que era mais exato do que o
Calendário Juliano e se aproximava do
Calendário Gregoriano. Um feito surpreendente era seu cálculo do ano como tendo 365,24219858156 dias, valor esse considerando a exatidão até a sexta casa decimal se comparado com os números de hoje, indica que nesses 1000 anos pode ter havido algumas alterações na órbita terrestre.
Durante o
Renascimento,
Copérnico propôs um
modelo heliocêntrico do
Sistema Solar. No século XIII, o imperador Hulagu, neto de Gengis Khan e um protetor das ciências, havia concedido ao conselheiro Nasir El Din Tusi autorização para edificar um observatório considerado sem equivalentes na época. Entre os trabalhos desenvolvidos no observatório de Maragheg e a obra "De Revolutionibus Orbium Caelestium" de
Copérnico, há algumas semelhanças que levam os historiadores a admitir que este teria tomado conhecimento dos estudos de Tusi, através de cópias de trabalhos deste existentes no Vaticano.
Constatou-se que as estrelas são objetos muito distantes. Com o advento da
Espectroscopia provou-se que são similares ao nosso próprio Sol, mas com uma grande variedade de
temperaturas,
massas e tamanhos. A existência de nossa
galáxia, a
Via Láctea, como um grupo separado das estrelas foi provada somente no
século XX, bem como a existência de galáxias "externas", e logo depois, a expansão do
universo dada a recessão da maioria das galáxias de nós. A
Cosmologia fez avanços enormes durante o
século XX, com o modelo do
Big Bang fortemente apoiado pelas evidências fornecidas pela Astronomia e pela Física, tais como a radiação cósmica de micro-ondas de fundo, a
Lei de Hubble e a abundância cosmológica dos elementos.
Por ter um objeto de estudo tão vasto, a astronomia é dividida em muitas áreas. Uma distinção principal é entre a astronomia teórica e a observacional. Observadores usam vários meios para obter dados sobre diversos fenômenos, que são usados pelos teóricos para criar e testar teorias e modelos, para explicar observações e para prever novos resultados. O observador e o teórico não são necessariamente pessoas diferentes e, em vez de dois campos perfeitamente delimitados, há um contínuo de cientistas que põem maior ou menor ênfase na observação ou na teoria.
Os campos de estudo podem também ser categorizados quanto:
Enquanto a primeira divisão se aplica tanto a observadores como também a teóricos, a segunda se aplica a observadores, pois os teóricos tentam usar toda informação disponível, em todos os comprimentos de onda, e observadores frequentemente observam em mais de uma faixa do espectro.
[editar]Astronomia observacional
Astronomia extragaláctica: lente gravitacional
. Esta imagem captada pelo Telescópio Hubble mostra vários objectos azuis em forma de espiral que na verdade são imagens múltiplas da mesma galáxia. A imagem original da galáxia foi duplicada pelo efeito de lente gravitacional causado pelos clusters de galáxias elípticas e em espiral de cor amarela que aparecem no centro da fotografia. A lente gravitacional deve-se ao poderoso campo gravítico que o cluster cria e que curva, distorce e amplifica a luz de objectos mais distantes.
Uma divisão tradicional da astronomia é dada pela faixa do
espectro eletromagnéticoobservado. Algumas partes do espectro podem ser observadas da superfície da
Terra, enquanto outras partes só são observáveis de grandes altitudes ou no espaço.
[editar]Radioastronomia
A
radioastronomia estuda a radiação com
comprimento de onda maior que aproximadamente 1 milímetro.
[1] A radioastronomia é diferente da maioria das outras formas de astronomia observacional pelo fato de as ondas de rádio observáveis poderem ser tratadas como ondas ao invés de fótons discretos. Com isso, é relativamente mais fácil de medir a amplitude e a fase (onda)|fase das ondas de rádio.
[1][editar]Astronomia infravermelha
A
astronomia infravermelha liga com a detecção e análise da
radiação infravermelha (comprimentos de onda maiores que a luz vermelha). Exceto por comprimentos de onda mais próximas à luz visível, a radiação infravermelha é na maior parte absorvida pela atmosfera, e a atmosfera produz emissão infravermelha numa quantidade significante. Consequentemente, observatórios de infravermelho precisam estar localizados em lugares altos e secos, ou no espaço.
O espectro infravermelho é útil para estudar objetos que são muito frios para emitir luz visível, como os
planetas e
discos circunstrelares. Comprimentos de onda infravermelha maior podem também penetrar nuvens de poeira que bloqueiam a luz visível, permitindo a observação de estrelas jovens em
nuvens moleculares e o centro de galáxias.
[3] Algumas moléculas radiam fortemente no infravermelho, e isso pode ser usado para estudar a química no espaço, assim como detectar água em cometas.
[4][editar]Astronomia óptica
Historicamente, a
astronomia óptica (também chamada de astronomia da luz visível) é a forma mais antiga da astronomia.
[5] Imagens ópticas eram originalmente desenhadas à mão. No final do
século XIX e na maior parte do
século XX as imagens eram criadas usando equipamentos fotográficos. Imagens modernas são criadas usando detectores digitais, principalmente detectores usando
dispositivos de cargas acoplados (CCDs). Apesar da luz visível estender de aproximadamente 4000
Å até 7000 Å (400
nm até 700 nm),
[5] o mesmo equipamento usado nesse comprimento de onda é também usado para observar radição de luz visível próxima a
ultravioleta e
infravermelho.
[editar]Astronomia ultravioleta
A
astronomia ultravioleta é normalmente usada para se referir a observações no comprimento de onda ultravioleta, aproximadamente entre 100 e 3200
Å (10 e 320
nm).
[1] A luz nesse comprimento de onda é absorvida pela atmosfera da Terra, então as observações devem ser feitas na atmosfera superior ou no espaço.
A astronomia ultravioleta é mais utilizada para o estudo da radiação térmica e linhas de emissão espectral de
estrelas azul quente (
Estrela OB) que são muito brilhantes nessa banda de onda. Isso inclui estrelas azuis em outras galáxias, que têm sido alvos de várias pesquisas nesta área. Outros objetos normalmente observados incluem a
nebulosa planetária,
remanescente de supernova, e núcleos de galáxias ativas.
[1] Entretanto, a luz ultravioleta é facilmente absorvida pela
poeira interestelar, e as medições da luz ultravioleta desses objetos precisam ser corrigidas.
[1][editar]Astronomia de raios-X
A
astronomia de raio-X é o estudo de objetos astronômicos no comprimento de onda de raio-X. Normalmente os objetos emitem radiação de raio-X como
radiação de síncrotron (produzida pela oscilação de elétrons em volta de campos magnéticos), emissão termal de gases finos (chamada de
radiação Bremsstrahlung) maiores que 10
7 kelvin, e emissão termal de gases grossos (chamada
radiação de corpo negro) maiores que 10
7 kelvin.
[1] Como os raio-X são absorvidos pela atmosfera terrestre todas as observações devem ser feitas de balões de grande altitude,
foguetes, ou naves espaciais.
[editar]Astronomia de raios gama
A
astronomia de raios gama é o estudo de objetos astronômicos que usam os menores comprimentos de onda do espectro eletromagnético. Os raios gama podem ser observados diretamente por satélites como o
observatório de raios Gama Compton ou por telescópios especializados chamados
Cherenkov.
[1] Os telescópios Cherenkov não detectam os raios gama diretamente mas detectam flasses de luz visível produzidos quando os raios gama são absorvidos pela atmosfera da Terra.
[6]A maioria das fontes emissoras de raio gama são na verdade
Erupções de raios gama, objetos que produzem radiação gama apenas por poucos milisegundos a até milhares de segundos antes de desaparecerem. Apenas 10% das fontes de raio gama são fontes não-transendentes, incluindo
pulsares,
estrelas de nêutrons, e candidatos a
buracos negros como núcleos galácticos ativos.
[1][editar]Campos não baseados no espectro eletromagnético
Além da radiação eletromagnética outras coisas podem ser observadas da Terra que se originam de grandes distâncias.
Raios cósmicos consistindo de partículas de energia muito elevada podem ser observadas chocando-se com a atmosfera da terra.
[carece de fontes] Além disso, no futuro detectores de neutrino poderão ser sensíveis aos neutrinos produzidos quando raios cósmicos atingem a atmosfera da Terra.
[1] Foram construídos alguns observatórios de
ondas gravitacionais como o Laser Interferometer Gravitational Observatory (LIGO) mas as ondas gravitacionais são extremamente difíceis de detectar.
[7]A astronomia planetária tem se beneficiado da observação direta pelos foguetes espaciais e amostras no retorno das missões. Essas missões incluem fly-by missions com sensores remotos; veículos de aterrissagem que podem realizar experimentos no material da superfície; missões que permitem ver remotamente material enterrado; e missões de amostra que permitem um exame laboratorial direto.
[editar]Astrometria e mecânica celestial
Um dos campos mais antigos da astronomia e de todas as ciências, é a medição da posição dos objetos celestiais. Historicamente, o conhecimento preciso da posição do Sol, Lua, planetas e estrelas era essencial para a
navegação celestial.
A cuidadosa medição da posição dos planetas levou a um sólido entendimento das
perturbações gravitacionais, e a capacidade de determinar as posições passadas e futuras dos planetas com uma grande precisão, um campo conhecido como
mecânica celestial. Mais recentemente, o monitoramento de
Objectos Próximos da Terra vai permitir a predição de encontros próximos, e possivelmente colisões, com a Terra.
[8]A medição do
paralaxe estelar de estrelas próximas provêm uma linha de base fundamental para a
medição de distâncias na astronomia que é usada para medir a escala do universo. Medições paralaxe de estrelas próximas provêm uma linha de base absoluta para as propriedades de estrelas mais distantes, porque suas propriedades podem ser comparadas. A medição da
velocidade radia e o
movimento próprio mostra a cinemática desses sistemas através da
Via Láctea. Resultados astronômicos também são usados para medir a distribuição de
matéria escura na galáxia.
[9][editar]Subcampos específicos
Astronomia planetária ou ciências planetárias: um "dust devil" (literalmente, demônio da poeira) marciano. A fotografia foi captada pela NASA Global Surveyor em órbita à volta de Marte. A faixa escura e longa é formada pelos movimentos em espiral da atmosfera marciana (um fenómeno semelhante ao tornado). O "dust devil" (o ponto preto) está a subir a encosta da cratera. Os "dust devils" formam-se quando a atmosfera é aquecida por uma superfície quente e começa a rodar ao mesmo tempo que sobe. As linhas no lado direito da figura são dunas de areia no leito da cratera. [editar]Astronomia solar
A uma distância de oito minutos-luz, a estrela mais frequentemente estudada é o Sol, uma típica
estrela anã da sequência principal da
classe estrelar G2 V, com idade de aproximadamente 4,6 Gyr. O Sol não é considerado uma
estrela variável, mas passa por mudanças periódicas em atividades conhecidas como
ciclo solar. Isso é uma flutuação de 11 anos nos números de
mancha solares. Manchas solares são regiões de temperatura abaixo da média que estão associadas a uma intensa atividade magnética.
[11]O Sol tem aumentado constantemente de luminosidade no seu curso de vida, aumentando em 40% desde que se tornou uma estrela da
sequência principal. O Sol também passa por mudanças periódicas de luminosidade que podem ter um impacto significativo na Terra.
[12] Por exemplo, se acredita que o
mínimo de Maunder tenha causado a
Pequena Idade do Gelo.
[13]A superfície externa visível do Sol é chamada
fotosfera. Acima dessa camada há uma fina região conhecida como
cromosfera. Essa é envolvida por uma região de transição de temperaturas cada vez mais elevadas, e então pela super-quente
corona.
No centro do Sol está a região do núcleo, um volume com temperatura e pressão suficientes para uma
fusão nuclear ocorrer. Acima do núcleo está a
zona de radiação, onde o plasma se converte o fluxo de energia através da radiação. As camadas externas formam uma
zona de convecção onde o gás material transporta a energia através do deslocamento físico do gás. Se acredita que essa zona de convecção cria a atividade magnética que gera as manchas solares.
[11][editar]Ciência planetária
arqueológicos e do conhecimento astronômico de povos extintos.
[editar]Astronomia estelar
- Astronomia estelar: Estudo das estrelas, em geral.
- Formação de estrelas: Estudo das condições e dos processos que conduziram à formação das estrelas no interior de nuvens do gás, e o próprio processo da formação.
- Evolução estelar: Estudo da evolução das estrelas, de sua formação a seu fim como um remanescente estelar.
- Formação estelar: Estudo das condições e processos que levam à formação de estrelas no interior de nuvens de gás.
[editar]Astronomia galáctica
- Astronomia galáctica: Estudo da estrutura e componentes de nossa galáxia, seja através de dados relativos a objetos de nossa galáxia, seja através do estudo de galáxias próximas, que podem ser observadas em detalhe e que podem ser usadas para comparação com a nossa.
- Formação e evolução de galáxias: Estudo da formação das galáxias e sua evolução ao estado atual observado.
[editar]Astronomia teórica
[editar]Campos interdisciplinares
O estudo da
química encontrada no espaço, incluindo sua formação, interação e destruição, é chamada de
Astroquímica. Essas substâncias são normalmente encontradas em
nuvens moleculares, apesar de também terem aparecido em estrelas de baixa temperatura, anões marrons, e planetas.
Cosmoquímica é o estudo de compostos químicos encontrados dentro do
Sistema Solar, incluindo a origem dos elementos e as variações na proporção de isótopos. Esses dois campos representam a união de disciplinas de astronomia e química.
aristoteles
Aristóteles |
Busto de Aristóteles no Museu do Louvre. |
Nascimento | 384 a.C.
Estagira, Calcídica |
Morte | 322 a.C.
Atenas |
Nacionalidade | Grego |
Ocupação | Filósofo e professor |
Influências |
|
Influenciados |
|
Escola/tradição | Escola peripatética, aristotelismo |
Principais interesses | Física, metafísica, poesia, teatro,música, retórica, política, governo, ética,biologia, zoologia |
Ideias notáveis | Doutrina do meio-termo, razão, lógica |
Aristóteles (em
grego:
Ἀριστοτέλης,
transl. Aristotélēs;
Estagira,
384 a.C. –
Atenas,
322 a.C.) foi um
filósofo grego, aluno de
Platão e professor de
Alexandre, o Grande. Seus escritos abrangem diversos assuntos, como a
física, a
metafísica, as
leis da poesia e do drama, a
música, a
lógica, a
retórica, o
governo, a
ética, a
biologia e a
zoologia. Juntamente com
Platãoe
Sócrates (professor de Platão), Aristóteles é visto como um dos fundadores, da
filosofia ocidental. Em
343 a.C. torna-se tutor de
Alexandre da Macedónia, na época com 13 anos de idade, que será o mais célebre conquistador do mundo antigo. Em
335 a.C. Alexandre assume o trono e Aristoteles volta para
Atenas, onde funda o
Liceu (lyceum) em
335 a.C..
[editar]Repercussão
Seu ponto de vista sobre as
ciências físicas influenciou profundamente o cenário intelectual
medieval, e esteve presente até o
Renascimento - embora eventualmente tenha vindo a ser substituído pela
física newtoniana. Nas ciências biológicas, a precisão de algumas de suas observações foi confirmada apenas no
século XIX. Suas obras contêm o primeiro estudo formal conhecido da lógica, que foi incorporado posteriormente à
lógica formal. Na metafísica, o
aristotelismo teve uma influência profunda no pensamento filosófico e
teológico nas tradições
judaico-
islâmicas durante a
Idade Média, e continua a influenciar a
teologia cristã, especialmente a
ortodoxa oriental, e a tradição
escolástica da
Igreja Católica. Seu estudo da ética, embora sempre tenha continuado a ser influente, conquistou um interesse renovado com o advento moderno da
ética da
virtude. Todos os aspectos da filosofia de Aristóteles continuam a ser objeto de um ativo estudo acadêmico nos dias de hoje. Embora tenha escrito diversos tratados e diálogos num estilo elegante (
Cícerodescreveu seu estilo literário como "um rio de ouro"),
[1] acredita-se que a maior parte de sua obra tenha sido perdida, e apenas um terço de seus trabalhos tenham sobrevivido.
[2]Apesar do alcance abrangente que as obras de Aristóteles gozaram tradicionalmente, os acadêmicos modernos questionam a autenticidade de uma parte considerável do
corpus aristotélico.
[3]Foi chamado por
Augusto Comte de "o príncipe eterno dos verdadeiros filósofos",
[4] por Platão de "O Leitor" (pela avidez com que lia e por se ter cercado dos livros dos
poetas, filósofos e homens da
ciência contemporâneos e anteriores) e, pelos pensadores
árabes, de o "preceptor da inteligência humana". Também era conhecido como
O Estagirita, por sua terra natal,
Estagira.
Com cerca de 16 ou 17 anos partiu para
Atenas, maior centro intelectual e artístico da
Grécia. Como muitos outros jovens da época, foi para lá prosseguir os estudos. Duas grandes instituições disputavam a preferência dos jovens: a escola de
Isócrates, que visava preparar o aluno para a vida política, e Platão e sua
Academia, com preferência à ciência (
episteme) como fundamento da realidade. Apesar do aviso de que, quem não conhecesse
Geometria ali não deveria entrar, Aristóteles decidiu-se pela academia platônica e nela permaneceu vinte anos, até a morte de Platão,
[8], no primeiro ano da 108
a olimpíada (
348 a.C.).
[9]Espeusipo, sobrinho de Platão
[10], foi por ele nomeado escolarca da academia,
[9] e assim Aristóteles partiu para
Assos com alguns ex-alunos. Dois fatos parecem se relacionar com esse episódio: Espeusipo representava uma tendência que desagradava Aristóteles, isto é, a matematização da filosofia; e Aristóteles ter-se sentido preterido (ou rejeitado), já que se julgava o mais apto para assumir a direção da Academia, no entanto não assumira devido principalmente ao fato de que não era grego, mas imigrante da
Macedônia.
Em Assos, Aristóteles fundou um pequeno círculo filosófico com a ajuda de
Hérmias,
tirano local e eventual ouvinte de Platão. Lá ficou por três anos e casou-se com
Pítias, sobrinha de Hérmias. Assassinado Hérmias, Aristóteles partiu para
Mitilene, na ilha de
Lesbos, onde realizou a maior parte das famosas investigações biológicas. No ano de
343 a.C. chamado por
Filipe II, tornou-se preceptor de Alexandre, função que exerceu até
336 a.C., quando Alexandre subiu ao trono.
Neste mesmo ano, de volta a Atenas, fundou o
Lykeion, origem da palavra
Liceu (lyceum) cujos alunos ficaram conhecidos como
peripatéticos (os que passeiam), nome decorrente do hábito de Aristóteles de ensinar ao ar livre, muitas vezes sob as árvores que cercavam o Liceu. Ao contrário da
Academia de Platão, o Liceu privilegiava as
ciências naturais. Alexandre mesmo enviava ao mestre exemplares da
fauna e
flora das regiões conquistadas. O trabalho cobria os campos do conhecimento clássico de então,
filosofia,
metafísica,
lógica,
ética,
política,
retórica,
poesia, biologia,
zoologia,
medicina e estabeleceu as bases de tais disciplinas quanto a
metodologia científica.
Aristóteles dirigiu a escola até
324 a.C., pouco depois da morte de Alexandre. Os sentimentos antimacedônicos dos atenienses voltaram-se contra ele que, sentindo-se ameaçado, deixou Atenas afirmando não permitir que a cidade cometesse um segundo crime contra a filosofia (alusão ao julgamento de
Sócrates). Deixou a escola aos cuidados do principal discípulo,
Teofrasto (
372 a.C. -
288 a.C.) e retirou-se para
Cálcis, na
Eubéia. Nessa época, Aristóteles já era casado com
Hérpiles, uma vez que Pítias havia falecido pouco tempo depois do assassinato de Hérmias, seu protetor. Com Hérpiles, teve uma filha e o filho
Nicômaco. Morreu a
322 a.C.[editar]O pensamento aristotélico
A tradição representa um elemento vital para a compreensão da filosofia aristotélica. Em certo sentido, Aristóteles via o próprio pensamento como o ponto culminante do processo desencadeado por
Tales de Mileto. A filosofia pretendia não apenas rever como também corrigir as falhas e imperfeições das filosofias anteriores. Ao mesmo tempo, trilhou novos caminhos para fundamentar as críticas, revisões e novas proposições.
Aluno de
Platão, Aristóteles discorda de uma parte fundamental da sua filosofia. Platão concebia dois mundos existentes: aquele que é apreendido por nossos sentidos, o mundo concreto -, em constante mutação; e outro mundo - abstrato -, o das ideias, acessível somente pelo intelecto, imutável e independente do tempo e do espaço material. Aristóteles, ao contrário, defende a existência de um único mundo: este em que vivemos. O que está além de nossa experiência sensível não pode ser nada para nós.
Para Aristóteles, a
Lógica é um instrumento, uma introdução para as ciências e para o conhecimento e baseia-se no
silogismo, o raciocínio formalmente estruturado que supõe certas premissas colocadas previamente para que haja uma conclusão necessária. O silogismo é
dedutivo, parte do universal para o particular; a
indução, ao contrário, parte do particular para o universal. Dessa forma, se forem verdadeiras as premissas, a conclusão, logicamente, também será.
A concepção aristotélica de
Física parte do
movimento, elucidando-o nas análises dos conceitos de crescimento, alteração e mudança. A teoria do ato e potência, com implicações
metafísicas, é o fundamento do sistema. Ato e potência relacionam-se com o movimento enquanto que a matéria se forma com a ausência de movimento.
Para Aristóteles, os objetos caíam para se localizarem corretamente de acordo com a natureza: o
éter, acima de tudo; logo abaixo, o
fogo; depois o
ar; depois a
água e, por último, a
terra.
A
Psicologia é a teoria da
alma e baseia-se nos conceitos de alma (
psykhé) e intelecto (
noûs). A alma é a forma primordial de um corpo que possui vida em potência, sendo a essência do corpo. O intelecto, por sua vez, não se restringe a uma relação específica com o corpo; sua atividade vai além dele.
O
organismo, uma vez desenvolvido, recebe a forma que lhe possibilitará perfeição maior, fazendo passar suas potências a ato. Essa forma é alma. Ela faz com que vegetem, cresçam e se reproduzam os animais e plantas e também faz com que os animais sintam.
No
homem, a alma, além de suas características vegetativas e sensitivas, há também a característica da inteligência, que é capaz de apreender as essências de modo independente da condição orgânica.
Ele acreditava que a mulher era um ser incompleto, um meio homem. Seria passiva, ao passo que o homem seria ativo.
A
biologia é a ciência da
vida e situa-se no âmbito da física (como a própria psicologia), pois está centrada na relação entre ato e potência. Aristóteles foi o verdadeiro fundador da
zoologia - levando-se em conta o sentido etimológico da palavra. A ele se deve a primeira divisão do reino animal.
Aristóteles é o pai da teoria da
abiogênese, que durou até séculos mais recentes, segundo a qual um ser nascia de um germe da vida, sem que um outro ser precisasse gerá-lo (exceto os humanos): um exemplo é o das
aves que vivem à beira das
lagoas, cujo germe da vida estaria nas plantas próximas.
Ainda no campo da biologia, Aristóteles foi quem iniciou os estudos científicos documentados sobre peixes sendo o precursor da
ictiologia (a ciência que estuda os peixes), catalogou mais de cem espécies de peixes marinhos e descreveu seu comportamento. É considerado como elemento histórico da evolução da
piscicultura e da
aquariofilia.
[11]O termo "
Metafísica" não é aristotélico; o que hoje chamamos de metafísica era chamado por Aristóteles de
filosofia primeira. Esta é a
ciência que se ocupa com realidades que estão além das realidades físicas que possuem fácil e imediata apreensão sensorial.
O conceito de metafísica em Aristóteles é extremamente complexo e não há uma definição única. O
filósofo deu quatro definições para metafísica:
- a ciência que indaga e reflete acerca dos princípios e primeiras causas;
- a ciência que indaga o ente enquanto aquilo que o constitui, enquanto o ser do ente;
- a ciência que investiga as substâncias;
- a ciência que investiga a substância supra-sensível, ou seja, que excede o que é percebido através da materialidade e da experiência sensível.
[editar]As quatro causas
Para Aristóteles, existem quatro causas implicadas na existência de algo:
- A causa material (aquilo do qual é feita alguma coisa, a argila, por exemplo);
- A causa formal (a coisa em si, como um vaso de argila);
- A causa eficiente (aquilo que dá origem ao processo em que a coisa surge, como as mãos de quem trabalha a argila);
- A causa final (aquilo para o qual a coisa é feita, cite-se portar arranjos para enfeitar um ambiente).
[editar]Essência e acidente
A essência é algo sem o qual aquilo não pode ser o que é; é o que dá
identidade a um ser, e sem a qual aquele ser não pode ser reconhecido como sendo ele mesmo (por exemplo: um livro sem nenhum tipo de história ou informações estruturadas, no caso de um livro técnico, não pode ser considerado um livro, pois o fato de ter uma história ou informações é o que permite-o ser identificado como "livro" e não como "caderno" ou meramente "maço de papel").
O acidente é algo que pode ser inerente ou não ao ser, mas que, mesmo assim, não descaracteriza-se o ser por sua falta (o tamanho de uma flor, por exemplo, é um acidente, pois uma flor grande não deixará de ser flor por ser grande; a sua cor, também, pois, por mais que uma flor tenha que ter, necessariamente, alguma cor, ainda assim tal característica não faz de uma flor o que ela é).
[editar]Potência, ato e movimento
Todas as coisas são em
potência e em ato. Uma coisa em potência é uma coisa que tende a ser outra, como uma semente (uma árvore em potência). Uma coisa em ato é algo que já está realizado, como uma árvore (uma semente em ato). É interessante notar que todas as coisas, mesmo em ato, também são em potência (pois uma árvore - uma semente em ato - também é uma folha de papel ou uma mesa em potência). A única coisa totalmente em ato é o Ato Puro, que Aristóteles identifica com o
Bem. Esse Ato não é nada em potência, nem é a realização de potência alguma. Ele é sempre igual a si mesmo, e não é um antecedente de coisa alguma. Desse conceito
Tomás de Aquino derivou sua noção de
Deus em que Deus seria "Ato Puro".
Um ser em potência só pode tornar-se um ser em ato mediante algum
movimento. O movimento vai sempre da potência ao ato, da privação à posse. É por isso que o movimento pode ser definido como ato de um ser em potência enquanto está em potência.
O ato é portanto, a realização da potência, e essa realização pode ocorrer através da ação (gerada pela potência ativa) e perfeição (gerada pela potência passiva).
No sistema aristotélico, a
ética é a
ciência das condutas, menos
exata na medida em que se ocupa com assuntos passíveis de modificação. Ela não se ocupa com aquilo que no homem é essencial e imutável, mas daquilo que pode ser obtido por ações repetidas, disposições adquiridas ou de hábitos que constituem as virtudes e os vícios. Seu objetivo último é garantir ou possibilitar a conquista da
felicidade.
Partindo das disposições naturais do homem (disposições particulares a cada um e que constituem o caráter), a
moral mostra como essas disposições devem ser modificadas para que se ajustem à
razão. Estas disposições costumam estar afastadas do
meio-termo, estado que Aristóteles considera o ideal. Assim, algumas pessoas são muito tímidas, outras muito audaciosas. A
virtude é o meio-termo e o vício se dá ou na falta ou no excesso. Por exemplo: coragem é uma virtude e seus contrários são a temeridade (excesso de coragem) e a covardia (ausência de coragem).
As virtudes se realizam sempre no âmbito humano e não têm mais sentido quando as relações humanas desaparecem, como, por exemplo, em relação a
Deus. Totalmente diferente é a virtude especulativa ou intelectual, que pertence apenas a alguns (geralmente os filósofos) que, fora da vida moral, buscam o conhecimento pelo conhecimento. É assim que a contemplação aproxima o
homem de Deus.
Se a ética está preocupada com a
felicidade individual do
homem, a política se preocupa com a felicidade coletiva da
pólis. Desse modo, é tarefa da política investigar e descobrir quais são as formas de
governo e as
instituições capazes de assegurar a felicidade coletiva. Trata-se, portanto, de investigar a
constituição do
estado.
Acredita-se que as reflexões aristotélicas sobre a política originam-se da época em que ele era preceptor de
Alexandre, o Grande.
Para Aristóteles, assim como a
política, o
direito também é um desdobramento da
ética. O direito para Aristóteles é uma ciência
dialética, por ser fruto de
teses ou
hipóteses, não necessariamente verdadeiras, validadas principalmente pela aprovação da
maioria.
Aristóteles considerava importante o conhecimento da
retórica, já que ela se constituiu em uma técnica (por habilitar a estruturação e exposição de argumentos) e por relacionar-se com a vida pública. O fundamento da retórica é o entimema (silogismo truncado, incompleto), um silogismo no qual se subentende uma premissa ou uma conclusão. O discurso retórico opera em três campos ou gêneros: gênero deliberativo, gênero judicial e gênero epidítico (ostentoso, demonstrativo).
A poética é imitação (mimesis) e abrange a poesia
épica, a
lírica e a
dramática: (
tragédia e
comédia). A imitação visa a recriação e a recriação visa aquilo que pode ser. Desse modo, a poética tem por fim o possível. O homem apresenta-se de diferentes modos em cada gênero poético: a poesia épica apresenta o homem como maior do que realmente é, idealizando-o; a tragédia apresenta o homem exaltando suas virtudes e a comédia apresenta o homem ressaltando seus vícios ou defeito.
O
cosmos aristotélico é apresentado como uma
esfera gigantesca, porém finita, à qual se prendiam as
estrelas, e dentro da qual se verificava uma rigorosa subordinação de outras esferas, que pertenciam aos
planetas então conhecidos e que giravam em torno da Terra, que se manteria imóvel no centro do sistema (sistema geocêntrico).
[12]Os
corpos celestes não seriam formados por nenhum dos chamados quatro elementos transformáveis (
terra,
água,
ar,
fogo), mas por um elemento não transformável designado "quinta essência". Os movimentos circulares dos objetos celestes seriam, além de naturais,
eternos.