sexta-feira, 7 de outubro de 2011

4° Bimestre: Formadores da população brasileira: os indígenas

Quantos são no Brasil ? (segundo IBGE)
Os índios autodeclarados compõem 0,4% da população brasileira, somando cerca de 519 mil indivíduos. Populações indígenas podem ser encontradas por todo o território brasileiro, embora mais da metade esteja concentrada na Região amazônica do Norte e Centro-Oeste. Consideram-se índios todos os descendentes puros dos povos autóctones do Brasil e/ou que vivem no ambiente cultural tradicional dos mesmos.
Recentes estudos genéticos comprovaram que muitos brasileiros possuem ascendência de povos indígenas extintos há séculos. Os brasileiros que carregam esta carga genética de forma majoritária são predominantes no norte do Brasil.
Quando os primeiros portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, a população indígena girava em torno de 3 a 5 milhões de indivíduos. Na metade do século XIX, os índios não passavam de 100 mil pessoas e no final do século XX eram cerca de 300 mil. O desaparecimento da população nativa brasileira se deve principalmente a quatro fatores: a dizimação promovida peloscolonizadores, as doenças europeias que se espalharam como epidemias, a miscigenação racial e, principalmente, a perda dos valores e da identidade indígenas ao longo dos séculos.
Tribos do Brasil


A denominação mais conhecida das várias etnias não é quase nunca a forma como seus membros se referem a si mesmos, e sim o nome dado a ela pelos brancos ou por outras etnias, muitas vezes inimigas, que os chamavam de forma depreciativa, como é o caso doscaiapós.
Entre as primeiras obras publicadas sobre os povos indígenas brasileiros, no século XVI, encontram-se os livros escritos pelo mercenário alemão Hans Staden, pelo missionáriofrancês Jean de Léry e pelo historiador português Pero de Magalhães Gândavo O primeiro inventário dos nativos brasileiros só foi feito em 1884, pelo viajante alemão Karl von den Steinen, que registrou a presença de quatro grupos ou nações indígenas, de acordo com as suas línguastupis-guaranis ou tapuias, nuaruaques ou maipurés e caraíbas ou caribas.Von den Steinen também assinala quatro grupos linguísticos: tupimacro-jêcaribe earuaque.
Orlando Villas Bôas
Aos 29 anos resolveu trocar o emprego e a vida na cidade pela selva. Orlando Villas-Bôas dedicou grande parte de sua vida à defesa dos povos da selva.
Era o mais velho e último dos irmãos Villas-Bôas - Cláudio, Leonardo e Álvaro. Com Cláudio e Leonardo, Orlando fez o reconhecimento de numerosos acidentes geográficos do Brasil central. Em suas andanças, os irmãos abriram mais de 1.500 quilômetros de picadas na mata virgem, onde surgiram vilas e cidades. Foi indicado duas vezes para o Prêmio Nobel da Paz, com Cláudio, em 1971 e, em 1976, pelo resgate das tribos xinguanas.
Os irmãos lideraram a Expedição Roncador-Xingu, iniciada em 1943 e que depois de 24 anos deixou em seu rastro mais de 40 novas cidades, 19 campos de pouso e o Parque Nacional do Xingu, criado por lei em 1961, com a ajuda do antropólogo Darcy Ribeiro. Na expedição, Orlando, Cláudio, Leonardo e Álvaro mapearam os seus encontros com catorze tribos indígenas, conseguindo permissão tácita para instalar as bases da Fundação Brasil Central. Cuidadosos, eles souberam agir contra ideias militaristas ou contra a ação de especuladores.
Crítico da influência do homem branco, Orlando destacava que 400 anos depois do início da colonização europeia, cada uma das tribos assentadas às margens do Xingu mantinha sua própria cultura e identidade.
Orlando e seus irmãos ajudaram a consolidar o Parque Indígena do Xingu com o apoio do marechal Rondon, de Darci Ribeiro e do sanitaristaNoel Nutels. Orlando chegou, em 1961, a administrar o Parque, onde hoje vivem cerca de cinco mil e quinhentos índios de catorze etnias diferentes.
Publicou catorze livros. Algumas das aventuras da expedição Roncador-Xingu foram contadas em "A marcha para o Oeste", escrito com Cláudio. Já no fim da vida, Orlando começou a escrever uma autobiografia lançada após seu falecimento.
Foi demitido da Funai, órgão que ajudou a criar, em fevereiro de 2000 pelo seu então presidente, Carlos Marés de Souza. A demissão causou revolta da opinião pública e retratação formal do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Morreu aos 88 anos, em 2002, no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, por falência múltipla dos órgãos.
Em que dois grupos os indígenas brasileiros se dividem
Os indígenas ficaram muito interessados no modo de vida dos europeus. Os índios brasileiros ainda viviam no Paleolítico, desconheciam tecnologias como a roda, o espelho ou armas bem elaboradas. A maioria dos grupos indígenas, com a exceção das grandes civilizações dos astecas, maias e incas, ainda levavam um meio de vida primitivo quando comparados às populações da Europa, Ásia e África. Isto porque, desde o derretimento da camada de gelo no Estreito de Bering, separando a Ásia da América com um oceano no meio, os habitantes das Américas passaram a viver isolados do resto do mundo. Enquanto europeus, africanos e asiáticos interagiam desde a Antiguidade, fazendo as tecnologias se espalharem por essas regiões por meio desse choque cultural, os índios ficaram confinados por milênios sem interação com as outras populações humanas, sem poder ensinar ou aprender novas técnicas. Portanto, a chegada dos europeus representou um rompimento de milhares de anos de isolamento. A vida junto aos "brancos" era muito atrativa e muitos indígenas abandonavam voluntariamente suas aldeias e iam viver junto com os portugueses. Em muitos casos, os índios nem precisavam sair de suas tribos, pois com a expansão da colonização essas aldeias eram assimiladas dentro da sociedade ocidental. Centros urbanos como Niteróiou Guarulhos eram aldeias indígenas que se transformaram em cidades.
No Brasil, é corriqueiro o senso comum afirmar que os índios foram "exterminados" e atualmente restam alguns poucos representantes dessa população. É inegável que, com a chegada dos europeus, muitos índios morreram por guerras e pela escravidão. Mas, a grande mortalidade indígena se deu pelo contágio involuntário de doenças trazidas pelos europeus, contra as quais os índios não tinham imunidade, por terem vivido durante milênios isolados de outras populações. Porém, o que muitas vezes se ignora no Brasil é que grande parte da população indígena não pereceu, mas foi assimilada dentro da sociedade brasileira. Muitos índios foram viver ao lado de portugueses e africanos, com eles se miscigenaram, dando origem a grande parcela da população brasileira, sendo que seus descendentes não mais se identificam como "índios".
É factível que essa miscigenação não foi tão intensa como aquela entre portugueses e africanos e, quando comparado com outros países daAmérica Latina, a contribuição indígena no Brasil é bem menor, mas ela é existente em maior ou em menor grau. Esse processo de assimilação indígena, que já terminou na maior parte do Brasil, ainda está em curso na região Norte. Segundo a Funai, cerca de 25% da população indígena da Amazônia já mora em cidades e só metade desse contingente se considera indígena, mesmo falando uma segunda língua e praticando rituais. Considerando-se todos os brasileiros que têm alguma ascendência indígena, que são vários milhões, a população com ascendência indígena, ao invés de ter diminuído desde 1500, na realidade aumentou dezenas de vezes desde a chegada dos portugueses e a consequente multiplicação da população brasileira por meio da miscigenação entre índios, europeus e africanos.

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